Meeting CICB de Sustentabilidade: em pauta, substâncias restritas e certificações

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A lotação máxima do salão de eventos do IBTeC , em Novo Hamburgo (RS), para a realização do Meeting CICB de Sustentabilidade, na última terça-feira (17), não deixa dúvidas sobre a relevância dos temas substâncias restritas, certificação e sustentabilidade para as indústrias do couro e de calçados. Com duas palestras sobre estes assuntos, o evento foi uma plataforma de apresentação das tendências mundiais e exposição de ideias para o aprimoramento e destaque das empresas brasileiras neste campo, tanto no mercado interno como nas exportações. A realização foi do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) e do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçados e Artefatos (IBTeC).

O Meeting CICB de Sustentabilidade foi um evento dirigido às empresas calçadistas que têm o couro como matéria-prima principal e também curtumes. O presidente executivo do CICB, José Fernando Bello, abriu a atividade fornecendo detalhes sobre a indústria coureira do país – um dos cinco maiores produtores mundiais de couro – e destacando que as certificações são, hoje em dia, mais valorizadas do que a formação de preço em determinados países. Trata-se, portanto, de uma tendência inexorável na indústria.

As palestras da noite foram do professor Valdir Soldi (substâncias restritas) e de Álvaro Flores (certificação). Substâncias com potencial para danos à saúde humana e ao meio ambiente foram apresentadas por Soldi, com ênfase aos limites que determinados países e marcas toleram para cada uma delas. “Os limites variam em todo o mundo e estão ficando cada vez menores”, destacou. Intoxicação, alergias, irritações e até câncer estão listados como potenciais efeitos negativos de determinadas substâncias que podem ser encontradas em produtos industriais.

A Certificação de Sustentabilidade do Couro Brasileiro (CSCB) foi apresentada por Álvaro Flores, desde o seu desenvolvimento até o panorama atual – com 12 dos maiores curtumes brasileiros em fase de certificação. Como explicou Álvaro, trata-se de um programa construído em conjunto com o Sistema Brasileiro de Acreditação (SBA), ABNT e Inmetro, contemplando 173 indicadores em critérios como consumo de água e energia, substâncias restritas, desempenho produtivo, gerenciamento de resíduos, relação com colaboradores, entre outros. O CSCB é um programa inédito no mundo por contemplar as dimensões econômica, ambiental, social e de gestão da sustentabilidade. O programa é promovido e apoiado pelo CICB, devendo ser um marco para toda a cadeia do couro e do calçado, com reconhecimento de compradores e consumidores finais.

Com a possibilidade de perguntas e colocações do público e de autoridades presentes, abriu-se um debate importante sobre estes temas. Cisso Klaus, diretor industrial do Grupo Arezzo & Co., falou sobre a sintonia que a indústria deve ter com o comportamento dos consumidores atuais e também futuros. “A geração Y, também chamada de Millennials, é muito mais exigente do que as gerações passadas – e também muito mais informada. Precisamos desenvolver ainda mais a cultura da sustentabilidade e fazer isso não só por uma questão de mercado, mas pela própria indústria”, disse. O presidente executivo da Abicalçados, Heitor Klein, abordou a importância do envolvimento de toda a cadeia produtiva nestes temas – frisando a questão dos produtos importados vendidos no Brasil – e prometeu levar a pauta à reunião do conselho da entidade. “Precisamos trabalhar em conjunto; fornecedores, indústria e varejistas, criando um movimento na sociedade. Isso diz respeito ao nosso futuro”, disse.