Economia circular: a inovação que pautou o Fórum CSCB de Sustentabilidade

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Há uma tendência mundial voltada aos novos modelos de produção e consumo, pensando o resíduo da indústria, do campo, da casa ou do escritório como uma matéria prima útil e de valor. Esta é a economia circular, discutida em profundidade na tarde de quinta-feira (11/08), no Fórum CSCB de Sustentabilidade, organizado pelo Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) na Universidade Feevale.  O evento teve o patrocínio Ouro de JBS Couros e patrocínio prata de Stahl. Apoio: ABQTIC, IBTeC e Universidade Feevale.

Um grande e qualificado público ligado aos segmentos do couro, calçados e moda prestigiou o evento, mostrando a pertinência deste tema para a indústria. O fórum – já consolidado como o ponto de encontro dos profissionais, técnicos e diretores de empresas do setor de todo o Brasil – foi uma plataforma de ideias, reflexão e de relacionamento para seus participantes.

Especialista em economia circular, Guilherme Brammer foi o palestrante que abriu o evento. Com a experiência de quem já desenvolveu projetos para empresas como Natura, Braskem e Nestlé, ele acredita que um dos pontos fundamentais do funcionamento da economia circular é a criação de uma demanda para o resíduo. “É preciso transformar o que seria lixo em um negócio de fato. Foi o que aconteceu, por exemplo, com a indústria do alumínio; as latas de bebida hoje em dia são imediatamente recicladas após o uso, pois há mercado e valor para elas”, demonstrou. Plataformas de trocas, transformações de produtos em serviços e uma postura voltada à redução do desperdício são, de acordo com Brammer, ações ligadas a este movimento.

Dentro das indústrias do couro, calçados e moda, a economia circular permeia todos os processos ligados à sustentabilidade, como mostraram os palestrantes e painelistas da indústria química, responsabilidade social nos curtumes e de gestão. Michael Costello, da Stahl, falou sobre o ZDHC (grupo de 21 grandes marcas mundiais como Burberry, Gap e Grupo Kering) que trabalha pelo zero descarte de químicos e seu MRSL (lista de substâncias químicas barradas pelo grupo até 2020). Segundo ele, o banimento destas substâncias é uma tendência que deve crescer e é também uma oportunidade para que se produza de forma melhor e mais eficiente. A indústria química, afirma Costello, tem um grande desafio em oferecer soluções aos curtumes para contemplar esta nova fase da produção e do consumo mundial.

Fernando Bellese e Fabio Ruiz Preto trataram de casos de responsabilidade social nas indústrias JBS Couros e Fuga Couros, respectivamente. Para ambos, o trabalho de valorização do capital humano deve ser uma postura inserida na cultura da empresa e articulada de forma contínua em seus processos, o que vai desde a capacitação do colaborador, passando pela preocupação com a saúde e a segurança das equipes e atuação nas comunidades onde a empresa está inserida. Segundo os painelistas, a responsabilidade social é um pilar da sustentabilidade que pode ser trabalhada tanto nas grandes corporações como nas micro e pequenas instituições.

O painel que encerrou o Fórum CSCB de Sustentabilidade apresentou a visão do empresário sobre este tema, tendo como moderador José Fernando Bello (presidente executivo do CICB) e os painelistas Edmundo Lima (diretor executivo da ABVTEX), Gilmar Harth (presidente do Grupo Bom Retiro e presidente do Conselho Diretor do CICB) e Mario Spaniol (presidente da grife Carmen Steffens). “Há desafios nesta cadeia de valor, com a necessidade de responder com velocidade às demandas do consumidor, que são cada vez mais imediatas”, destacou Lima no painel. Spaniol ponderou que a sustentabilidade é um ponto importante no trabalho de sua empresa e deve-se trabalhá-la para que haja viabilidade entre a produção, processos e a disponibilidade do mercado consumidor. Harth destacou que o Brasil está entre os melhores países do mundo no que tange à sustentabilidade na indústria de curtumes – e um exemplo muito claro deste patamar que esta indústria do país atingiu é justamente a Certificação de Sustentabilidade do Couro Brasileiro (CSCB), que deu nome ao fórum e que, como exemplificou Bello, é um marco mundial por contemplar as três dimensões da sustentabilidade: a economia, a sociedade e o meio ambiente.